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Diagnóstico: O aspecto menos importante das coisas mais importantes

  • Foto do escritor: Paulo Hipolito
    Paulo Hipolito
  • 22 de mai.
  • 2 min de leitura

No senso comum o diagnóstico é um dos aspectos mais falados quando o assunto é Psicologia. Termos como 'Depressão', 'Ansiedade' ou 'Borderline' são cada vez mais comuns no vocabulário cotidiano, muitas vezes usados de forma simplificada para descrever experiências complexas... Mas será que esses rótulos capturam a verdadeira natureza do sofrimento humano? Na Terapia Baseada em Processos, olhamos além dos sintomas.


Termos como esse são usados para definir um conjunto de sintomas característicos. Por exemplo, dizemos (no senso comum) que algo é ansiedade quando um conjunto de sintomas físicos como tremores, taquicardia, sudorese e dificuldades de respirar se juntam com sintomas psicológicos como pensamentos negativos, paralisação e sofrimento psíquico.


Esses sintomas são importantes de serem notados pelos pacientes, afinal são por meio deles que há o entendimento de que algo está errado e que precisa ser tratado. Porém, para nós, profissionais de Psicologia, isso não é tão determinante assim.

Quando analisamos o comportamento, identificamos não apenas sua aparência (topografia), mas sua função, ou seja, o que o mantém, como ele se relaciona com o contexto e a história do indivíduo.


A forma pela qual o comportamento-problema aparece, ou seja, a topografia, nada mais são do que os sintomas. Esses sintomas são facilmente identificáveis, e muitas intervenções focam em sua redução imediata (como medicação ou técnicas de relaxamento). No entanto, sem trabalhar a função, o alívio pode ser temporário.


Além do mais, com o tratamento dos sintomas, esses problemas aparecerão com outra topografia. No caso da ansiedade, por exemplo, uma medicalização poderia levar o indivíduo a suprimir os sintomas no primeiro momento, mas também sentir mais sono. Uma ansiedade social que trata apenas os sintomas pode levar também o indivíduo se isolar socialmente, podendo se tornar uma depressão. Logo, ao adotar um diagnóstico como explicação única para seus problemas, a pessoa pode evitar contato com experiências dolorosas mais profundas o que, paradoxalmente, reforça o sofrimento a longo prazo.


Diagnósticos também trazem um peso importante, rotulando toda a dinâmica psicológica de um indivíduo em apenas uma classe de comportamentos. Uma pessoa com diagnóstico de depressão, que já conta com um fardo, também tem que carregar o peso do rótulo de depressivo para outras pessoas.


Diagnósticos muitas vezes trazem rótulos e um peso significativo.
Diagnósticos muitas vezes trazem rótulos e um peso significativo.

O contrário também vale. Para algumas pessoas, o diagnóstico pode trazer alívio temporário ao oferecer uma explicação ou senso de pertencimento, mas isso não substitui a necessidade de trabalhar os processos funcionais dos sintomas.


Após toda essa discussão é importante salientar que o diagnóstico não é inútil ou não precisa deixar de ser feito. O diagnóstico tem papel importante para abreviar, muitas vezes, o diálogo com profissionais de outras áreas. Porém, o ponto é que tem se dado muita importância, excessiva importância, para algo que não é causa de nada, apenas sinais do problema. A seguir um artigo caso tenha se interessado pelo tema: Clique aqui.

 
 
 

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